Logística Própria ou Terceirizada?
A seguir, descreveremos de forma genérica os principais fatores que deverão ser analisados, e os motivos e questionamentos para a tomada de decisão em relação à terceirização.
Visão sistêmica
O processo de decisão deve ter início a partir da análise da Cadeia de Abastecimento (Supply Chain), na qual a empresa que está avaliando a terceirização está inserida, pois a não consideração de qualquer uma das suas fases, desde o projeto do produto, os fornecedores de matérias-primas, componentes e insumos, até o cliente final, pode interferir na importância a ser conferida a cada fator a ser analisado, pois a análise pontual certamente acarretará distorções ao processo de tomada de decisão.
Se, por um lado, é importante a visão sistêmica, conforme comentado acima, por outro é necessário o estudo individual de cada um dos elos da Cadeia de Abastecimento (principalmente aqueles contíguos à empresa em estudo), suas características, inter-relações e custos.
No contexto sistêmico, devemos ainda ressaltar que a logística deve ser vista como um processo que integra o fluxo de materiais e informações, em todas as fases da Cadeia de Abastecimento.
Motivos para terceirizar – na visão da empresa
Existem diversos motivos para terceirizar as atividades logísticas, entre os quais se destacam:
Maior dedicação ao prórpio negócio (core business);
Reduzir e melhorar o controle dos custos logísticos;
Reduzir problemas trabalhistas;
Absorver “expertise” know-how;
Evitar investimentos e substituir custos fixos por variáveis;
Utilizar novos canais de distribuição;
Otimizar a logística como forma de diferencial competitivo;
entre outros.
Normalmente, a redução de custos é um dos primeiros fatores que são analisados, sendo que alguns deles, assim como os transportes, já são terceirizados em grande parte das empresas, com economias significativas.
Salvo exceções, entre os fatores citados acima, “aquele que sugere maior dedicação ao próprio negócio”, apesar de ser intangível (que não pode ser mensurado) é certamente o mais importante para a tomada de decisão, apesar de que todos devem ser criteriosamente analisados.
Serviços disponíveis
A terceirização das atividades logísticas está em franco crescimento, principalmente em função dos motivos citados no parágrafo acima, e vão desde uma simples locação de empilhadeira até complexas operações em regime de fulfillment (toda operação logística terceirizada, normalmente para um Operador Logístico).
Atualmente, praticamente todas as atividades logísticas podem ser terceirizadas, pois existem empresas especializadas, desde locação de mão-de-obra, até as Leading Logistics Provider – LLP ( Principal Fornecedor de Serviços Logísticos).
Entre os serviços disponíveis, podemos citar alguns:
Transporte rodoviário, roteirização, rastreamento;
Locação de mão-de-obra, equipamentos, armazéns infláveis e estruturais, embalagens retornáveis;
Armazéns gerais (sem ou com filial) e alfandegado;
Comércio exterior – agenciamento de transportes, operações de carga e descarga (portuária, ferroviária e rodoviária), desembaraço aduaneiro, etc.;
Unitização de cargas, estufamento e desova de contêineres;
Compras;
Tecnologia de Informação (ERP, WMS, código de barras, etc.);
Coleta programada (milk run), cross docking (transbordo sem estocagem), recebimento, inspeção, estocagem, abastecimento de linha (line feeding), sequenciamento;
Processamento e separação de pedidos (picking), embalagem, acumulação, expedição, etc.
Passada a fase inicial de terceirização, passa a existir uma tendência de que a empresa contratante passe a utilizar cada vez mais os diversos serviços disponíveis, normalmente centralizado em um único operador (LLP), que com o tempo acaba por se caracterizar como uma parceria.
Avaliação do prestador de serviços logísticos
Somente após vencer as etapas de análise, se deve ou não terceirizar, e quais atividades. A empresa irá pesquisar o mercado, selecionar e avaliar o prestador de serviços mais adequado.
Entre as diversas características que devem ser levadas em consideração na avaliação, podemos ressaltar:
Competência (expertise/know-how), experiência (relação de serviços e clientes);
Disponibilidade de recursos (equipamentos, instalações, humanos e financeiros);
Equipes de Apoio (gerencial, projetos, tecnologia de informação, seleção e treinamento de pessoal);
Forma de cobrança (cost driver);
Potencial para desenvolver parceria (respeito, responsabilidade, credibilidade e comprometimento).
Evidentemente, uma avaliação adequada dependerá de um conjunto de informações que, em parte, poderão ser obtidas com os principais clientes do prestador de serviços, e sua complementação se dará com o tempo, avaliando a evolução dos indicadores, durante a operação, ou seja, é conveniente contratar inicialmente apenas algumas operações, para minimizar o risco.
Conclusão
Como vimos, para uma adequada decisão, se devemos terceirizar e quais operações, teremos um processo extenso e complexo, o qual não poderia ser desenvolvido em apenas um artigo.