Millenials na Manufatura
Recrutamento, retenção e o ambiente fabril
Atualmente, mais da metade dos trabalhadores fabris têm em torno de 55 anos ou mais e estão se aproximando da aposentadoria. Precisamos também de fluxo de sangue jovem para manter nossas instalações com a máxima produtividade. Mas muitos jovens que ingressam na força de trabalho não estão interessados no ambiente fabril ou no comércio especializado.
Isso já levou a uma escassez de mão de obra qualificada em algumas áreas, que deverá crescer à medida que os Baby Boomers se aposentarem. O recrutamento e a retenção dos chamados Millennials (aqueles nascidos nas décadas de 1980 e 1990) e as gerações mais novas serão um problema competitivo crítico para as empresas nos próximos anos.
A escassez de mão de obra futura
Estamos presenciando uma mudança na natureza dos empregos fabris: na maioria dos setores, os fabricantes estão empregando menos trabalhadores, em geral, devido à automação – e a escassez de mão de obra e o aumento dos salários provavelmente acelerarão essa tendência.
A fábrica moderna foi atingida por um “tsunami” de novos sistemas, novas ferramentas e interfaces que estão assumindo postos de trabalho ao longo de cada etapa do processo de fabricação. Todos eles (a partir dos smartphones simples de grau industrial até os óculos inteligentes) devem parecer muito familiar, especialmente para a geração mais jovem.
Estamos vendo uma grande convergência acontecendo na indústria entre os sistemas voltados ao consumidor e os sistemas de aplicação industrial, tanto em forma quanto função.
Essa convergência, é tanto um propósito e um movimento cuidadosamente orquestrado pela indústria para alcançar um único objetivo: atender às necessidades de alta tecnologia e as expectativas da atual força de trabalho desse século XXI.
Vê-se novos usuários entrando no mercado de trabalho que estão profundamente familiarizados com os sistemas de TI. Eles já sabem como usar a tecnologia para tornar suas vidas mais fáceis, para ter acesso aos dados e ajudá-los a tomar decisões críticas. Eles esperam com naturalidade que seu ambiente industrial faça o mesmo.
Em vez de apertar parafusos e montar peças à mão, os trabalhadores
fabris atuais interagem com robôs e sistemas de controle digital complexos.
Como resultado, os fabricantes estão cada vez mais encontrando concorrentes de mão de obra qualificada, não só entre si, mas também em outras indústrias. Os jovens que têm o conjunto de habilidades necessárias para o ambiente fabril de hoje também têm muitas outras opções disponíveis.
Onde estão os Millennials?
Se os empregos existem, por que os trabalhadores mais jovens não estão reunidos para encontrá-los? Uma das possíveis razões, pela qual, menos alunos estão nos ambientes fabris é que eles não têm a exposição que costumavam ter. Alguns colégios estão cortando programas vocacionais que costumavam expor os alunos a esses caminhos de carreira.
Sem essa exposição, muitos jovens ainda mantêm percepções desatualizadas do trabalho da fábrica quando consideram opções de carreira.
As instalações fabris na geração de seus pais eram muitas vezes sujas, cheias de fumaça, ambientes desagradáveis – e esses preconceitos e percepções permanecem.
Mudando a imagem da indústria
Os fabricantes precisam pensar no futuro e a desenvolver a próxima geração de trabalhadores especializados nesse ambiente.
A parceria com os sistemas escolares e a criação de programas formais de aprendizado são importantes para atrair esses jovens. Entretanto, é necessário também mudar a visão do antigo ambiente fabril “sujo e insalubre” se quisermos convencer esses jovens a permanecerem no setor.
Os Millennials estão mais preocupados com as condições de trabalho do que seus pais. Isso inclui tanto o ambiente físico quanto as questões sociais, como práticas de gerenciamento, interações entre pares, oportunidades de avanço e missão da empresa. Eles precisam de mais – feed backs – e esperam mudanças mais rápidas também.
Criando um ambiente amigável
Então, como os empresas podem melhorar o recrutamento e a retenção para os trabalhadores mais jovens? Aqui vão algumas dicas:
Limpeza. Mantenha as paredes brancas, boa iluminação e espaços organizados, tornado o ambiente aberto e convidativo. Organização e limpeza são prioridades para aumentar a produtividade.
Saúde e segurança. Os trabalhadores mais jovens estão mais preocupados com os potenciais riscos para a saúde associados aos processos de fabricação. Mantenha o controle da qualidade do ar, equipamentos de proteção adequados e atenção aos regulamentos de saúde e segurança.
Comunicação aberta. O respeito e a comunicação são muito importantes para os Millennials. Fornecer feedback rápido, respeitoso e ouvir e responder às suas preocupações contribuirá para reduzir os conflitos e melhorar a retenção.
Plano de carreira. Em média, os Millennials alternam os empregos a cada dois anos durante os primeiros dez anos de trabalho. Se você quiser mantê-los por mais tempo, ajude-os a encontrar um plano de carreira dentro de sua organização. A maioria dos trabalhadores mais jovens estão ansiosos por oportunidades para melhorar suas habilidades e continuar sua educação, formal ou informalmente.
Missão. Os Millennials tendem a ser mais orientados para a missão e o propósito da empresa do que os mais velhos. Uma nova geração está entrando no mercado de trabalho com novas expectativas, novas demandas e novas competências. Uma geração que já vem preparada para uma maior interação homem-computador. Uma geração que chega ao ambiente fabril sabendo que a sua ferramenta de trabalho não é a “chave de fenda”, mas sim o “iPad”. Cabe as empresas tornarem esses ambientes e empregos atrativos e que correspondam melhor às necessidades dessa nova geração.
* Reinaldo Moura: Criador e Fundador do Grupo IMAM em 1979 (Instituto IMAM, IMAM Editora e IMAM Consultoria) e Diretor Técnico das Missões de Estudo ao Japão. 50 anos de experiência profissional, em mais de 100 empresas. Pioneiro na introdução conceitos no Brasil, tais como: MAM, Intralogística, Kanban, Housekeeping/5S, TPS/JIT/Lean/Toc – Treinamento e Assessoria. Publisher da Revista LOGÍSTICA desde 1980 (300 edições). Formado em Engenharia Industrial (FEI), em Engenharia de Segurança do Trabalho (FEI) e mestrado em Engenharia de Produção (Poli-USP). Ex-professor universitário: FEI, UMC, Mackenzie, Mauá etc.