Empilhadeira… Para empilhar
O nome já diz tudo: empilhadeira. Ela desenvolve a arte de empilhar e não de “transportar”, pois para vencer distâncias na horizontal existem dezenas de outras opções.
É fundamental identificar a causa de um determinado movimento para que se possa avaliar o melhor método para movimentação. O planejamento do layout e do pé-direito a ser utilizados nas instalações definirá a posição de origem e destino dos movimentos.
Se os recursos da origem ao destino estivessem próximos, muitos deslocamentos seriam desnecessários e, consequentemente, os equipamentos também.
A manufatura enxuta, por exemplo, modelo de gestão que ganhou o mundo a partir de seu sucesso em relação à produtividade, visa à eliminação de tudo o que não agrega valor e assim define a movimentação como uma perda que deve ser continuamente questionada. E foi através desse modelo que o layout passou a ser encarado de maneira mais exigente e abriu espaço para um fluxo mais inteligente baseado em células de manufatura, onde a organização do layout é por produto e não mais por processo.
Foi nesse cenário de otimização que ganhou a atenção de muitas empresas, nos últimos anos, o conceito “Forklift Free”, ou seja, o fluxo livre de empilhadeiras, que ficam agora dedicadas às atividades de empilhar e não mais de vencer distâncias na horizontal.
Além disso, as empilhadeiras que trafegam em áreas externas e internas simultaneamente levam detritos e sujeira para dentro da instalação. É por isso que em muitas fábricas e armazéns existem empilhadeiras que circulam só em áreas externas e outras só em áreas internas, o que também não é adequado pois essa divisão acaba gerando ociosidade.
Mas para carga e descarga a empilhadeira é necessária! Esse era um dos principais argumentos que inviabilizavam no passado o conceito “Forklift Free”, pois já que teríamos que manter empilhadeiras para carga e descarga de veículos de movimentação e transporte, aproveitava-se o tempo ocioso delas para movimentar.
Mas foi a partir de pesquisas e desenvolvimentos de novas soluções de movimentação que o desafio de manter uma área livre de empilhadeiras foi vencido.
Por exemplo, se no piso de um carrinho – meio mais comum de movimentação horizontal – fossem instalados rolos ou roletes, a carga poderia deslocar-se, manual ou automaticamente, para uma linha de transportadores contínuos.
O inverso dessa situação pode ocorrer na expedição ou no momento do carregamento.
Para ilustrar, na expedição de cargas fracionadas (caixas), estas podem chegar em um carrinho, movimentado por um transportador de piso (“towline”), como acontece no centro de distribuição das Casas Bahia em Jundiaí, SP, e ser daí transferidas para um transportador contínuo extensível, que conectará o interior do veículo à plataforma de carga ou descarga.
Já na descarga a granel, o caminhão pode ter uma carroceria grane leira que proporcione a descarga por gravidade através de uma plataforma pneumática.
Para movimentação de cargas pesadas, também passou a ser mais comum o uso de ponte rolante ou guindaste fixo ou até mesmo veicular.
Essas e outras soluções começaram a se tornar uma realidade, dedicando assim as empilhadeiras às atividades de empilhar.
* Reinaldo Moura é engenheiro e mestre em Ciências e Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, criador, fundador e conselheiro do Grupo IMAM.
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