Etiquetas de Radiofrequência: Uma Alternativa Para Comunicação de Dados
Imagine quanto tempo tem sido ganho no caixa das grande lojas através do simples ato de coletar informações utilizando os códigos de barras. Agora, imagine quanto tempo mais poderia ser poupado se não houvesse necessidade de se descarregar as mercadorias dos carrinhos e nem mesmo de fazer a leitura das etiquetas. E o que aconteceria se os clientes simplesmente empurrassem os carrinhos com as mercadorias através de uma passagem especial que identificasse o tipo e a quantidade dos itens que estivessem sendo levados, totalizando o valor da compra, e, simultaneamente, os dados referentes ao estoque fossem atualizados e outras informações de gerenciamento fossem coletadas por uma pequena leitora eletrônica, tudo em questão de segundos? A tecnologia já existe.
Sistemas de Identificação RF
As etiquetas de radiofreqüência (RFID) podem ser utilizadas de modo semelhante às de códigos de barras para rastrear, controlar e gerenciar. Mas, diferente das etiquetas de códigos de barras, formadas por barras claras e escuras que representam letras e números, elas utilizam, conforme ilustrado no figura 4.7, a transmissão de informações por radiofreqüência para identificar, classificar, localizar e rastrear itens. Isto é feito através de dois componentes básicos: o transponder e a leitora.
O transponder, normalmente reconhecido como “etiqueta”, é um dispositivo que gera sinais elétricos ou pulsos que são interpretados pela leitora que, por sua vez, é uma combinação de transmissor e receptor (transceptor ou transceiver) que ativa e recebe os sinais de identificação do transponder. É muito utilizado no setor de varejo (freqüentemente visto como uma pequena peça plástica anexada ao produto), para evitar pequenos furtos em lojas. Além disso, a tecnologia permite programar a “etiqueta” para transmitir um grupo específico de dados, identificando o produto (tal como número de série, modelo, preço, lote e data).
O transponder (figura 4.8) é a espinha dorsal desta tecnologia e a razão principal da sua versatilidade. Ele pode ser fixado praticamente a qualquer objeto e não exige contato direto ou linha de visão com a leitora. É composto de um circuito integrado, conectado a uma mini-antena para transmitir dados, que contém, ainda, uma memória que armazena códigos de identificação e outros dados pertinentes a serem transmitidos quando o “chip” for ativado ou “interrogado” utilizando a radio-energia da leitora.
Por sua vez, a leitora (figura 4.9), que pode ser portátil ou não, é formada por uma antena de RF – embutida na leitora ou localizada fora dela –, um transceptor e um microprocessador que possui funções que incluem decodificação e execução de cálculos simples, além de ser o responsável pelo encaminhamento das informações para o sistema central de processamento para gravação e manutenção dos registros. O transceptor envia sinais de ativação para a etiqueta e recebe dados de identificação dela.
Utilização de etiquetas RF
O sistema de etiquetas RF é classificado de acordo com a faixa de freqüência utilizada, que está dividida em alta, intermediária e baixa (ver figura 4.10).
Este sistema pode ser classificado, ainda, por características da etiqueta (ativa ou passiva).
Etiquetas ativas incluem uma fonte de energia, como uma bateria, que pode ser embutida ou conectada. As vantagens desta etiqueta são uma faixa de leitura mais extensa e reduzida potência de leitura. As desvantagens incluem vida de operação limitada, incapacidade de ser utilizada em qualquer ambiente e custo que supera o das etiquetas passivas.
As etiquetas passivas não possuem fonte de energia interna, mas uma antena e um “chip”, sendo energizadas eletromagneticamente pela leitora. Entre as vantagens destas etiquetas estão: menor custo; são consideravelmente menores e mais leves que a etiqueta ativa; e apresentam tempo de vida virtualmente ilimitado. Contudo, possuem uma faixa de leitura curta (de até um metro) e necessitam de uma leitora mais potente para “interrogá-las” ou ativá-las.
As etiquetas ativas e passivas estão divididas em três grupos: “ler-escrever”; “escrever uma vez, ler várias (WORM)”; “apenas ler”.
As etiquetas do tipo ler-escrever permitem que os dados de identificação sejam alterados durante as operações normais, quando dados variáveis são mais importantes que uma única identidade. Alguns exemplos são etiquetas de coleta em pedágios, cartões de telefone e cartões de débito bancário. Dos três tipos, as etiquetas do tipo “ler-escrever” são normalmente mais caras.
As etiquetas “WORM” são programáveis pelo usuário apenas uma vez. Desta maneira, uma vez escritos, os dados não podem mais ser alterados. Etiquetas do tipo “apenas ler”, além de serem as mais baratas, oferecem um nível adicional de segurança: um único código é programado nelas e não pode mais ser modificado.
Emprego da RFID na logística
As etiquetas de RF são freqüentemente utilizadas na logística para controlar o acesso, administrar pátios e autorizações de abastecimento de combustível. O setor de transporte utiliza as etiquetas de RF para rastrear equipamentos e sua utilização. Elas podem indicar rapidamente quando o veículo está com excesso de carga.
A RFID é ideal para o rastreamento e a localização de mercadorias em trânsito. Por exemplo, contêineres num ponto da Ásia podem ser rastreados diariamente, para auxiliar na carga e descarga em vários portos e áreas de carregamento de caminhões. Os transponders são embutidos no piso de todo o porto. Quando os guindastes carregam ou descarregam navios e caminhões, as leitoras montadas no seu braço de levantamento “interrogam” cada transponder e combinam o código com a localização no pátio. Desta forma, os gerentes possuem informação em tempo real sobre a localização e o destino de cada contêiner e sua carga. As etiquetas também podem armazenar as informações de manifesto. A documentação aduaneira é expedida rapidamente porque a informação é passada às autoridades alfandegárias com antecedência.
A própria etiqueta é um banco de dados: até 70 páginas de texto podem ser codificadas em cada uma. E ela também tem beneficiado a administração de estoques: digitar códigos de peças ou unidades de manutenção de estoque resulta inevitavelmente em erros. A utilização dos códigos de barras ajuda, mas, ainda assim, podem existir erros, resultado de quando as etiquetas com os códigos não podem ser lidas claramente (códigos de barras operam na base da reflexão da luz). Os dispositivos do tipo RFID recebem sinais únicos de rádio a partir das etiquetas de RF. Um item e sua localização são precisamente registrados pela etiqueta. Com isso, a precisão do estoque alcança quase 100%, enquanto que o recebimento, a estocagem e a separação são melhorados de forma significativa.
Controle de produção
Geralmente, as etiquetas mais sofisticadas são utilizadas no controle da produção. Em particular, a indústria automobilística utiliza etiquetas do tipo “ler-escrever” para identificar e rastrear itens em todo processo de manufatura. Estas etiquetas informam quais opções estarão incluídas nos carros e são reutilizadas quando a manufatura é concluída.
A etiqueta RF pode ser utilizada, ainda, para responder a condições específicas de parâmetros programados externamente. Por exemplo, num item alimentação, ela pode ser preparada como um termostato para sinalizar quando a temperatura supera o ponto onde começa o descongelamento ou a deterioração. Também é utilizada onde os códigos de barras simplesmente não funciona. Pode estar sujeita a calor e frio intensos, e mesmo à exposição química, e ser lida sob até 50 mm de fragmentos não-metálicos, como tinta, plástico, tecido, madeira, fumaça, fuligem e concreto.
Deficiências da RFID
Embora a RFID apresente muitas qualidades e várias aplicações, a tecnologia de etiquetagem via RF não avançou o que se esperaria no dia-a-dia do mercado consumidor, onde poderia atingir o máximo retorno sobre o investimento. Um dos problemas mais significativos diz respeito ao custo entre as etiquetas passivas e as ativas.
Além do mais, elas ainda são relativamente caras se comparadas às de código de barras. E os custos de infraestrutura também não podem ser desprezados. O equipamento de leitura e outros hardwares e softwares de suporte precisam ser continuamente atualizados para atender à demanda específica das formas, utilização e características de cada etiqueta.
Operações e manutenção são uma importante tarefa. Todas as etiquetas são projetadas especificamente para uma função. Cada etiqueta carrega em si um minibanco de dados que identifica um item particular e/ou contém informações de estoque e para o sistema financeiro. Se as etiquetas forem reutilizadas, estas informações precisarão ser regularmente atualizadas, conforme os produtos completem o seu ciclo.
Os preços muito provavelmente continuarão caindo. Embora as etiquetas RF nunca possam ser tão baratas quanto as de códigos de barras, elas ainda podem apresentar uma relação custo-benefício bastante aceitável onde puderem, por exemplo, quando aplicadas a um palete de itens individuais ou a produtos de alto valor agregado.
Como ainda não existem normas de manufatura, o equipamento de um fabricante não pode ler a etiqueta de outro. Esta falta de flexibilidade muito provavelmente desaparecerá, porque grupos como o Department of Defense e o Automotive Industry Action Group estão trabalhando no sentido de criar normas.
Um dos maiores problemas enfrentados pela RFID é a leitura de múltiplos artigos. Quando várias etiquetas são lidas ao mesmo tempo e os itens estão próximos uns dos outros, a transmissão de um transponder interfere com a do outro. Entretanto, um protocolo anticonflito desenvolvido na África do Sul em 1994 pode mudar esta situação. Uma tecnologia supertag permite que os itens sejam espaçados uniformemente, sem que sejam lidos individualmente. Muito embora esta tecnologia não tenha aparecido comercialmente, se o fizer, o resultado poderá ser uma significativa queda no preço das etiquetas de RF.
Conclusão
Enquanto o tamanho das etiquetas RF diminui e sua capacidade aumenta, a demanda por esta tecnologia aumenta. A visão da RFID é aquela que vai da criação à distribuição. A etiqueta RF será utilizada durante a manufatura para detalhamento de opções e especificações; poderá agir como um dispositivo de rastreamento durante a expedição; ajudará a evitar roubos e furtos em lojas; poderá incluir instruções sobre sua utilização e atualizar os registros de inventário no ponto de venda; e por último, poderá fornecer instruções de disposição. Em outras palavras, um dia estas etiquetas cobrirão todo o campo da logística.
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