Gestão de Estoques em um Ambiente 4.0
ASPECTOS GERAIS
Como todos sabem estamos atualmente vivendo a quarta revolução industrial, também chamada de indústria 4.0. Desde o início desta revolução industrial o que ocorreu como decorrência de um projeto estratégico do governo alemão para desenvolvimento da tecnologia informação nos processos de produção no ano de 2012, muitos conceitos acabaram sendo derivados e consequentemente adaptados a esta realidade, como manutenção 4.0 e obviamente os conceitos de logística e supply chain 4.0 também.
PRINCÍPIOS DA LOGÍSTICA 4.0
A palavra que orienta os conceitos 4.0 é digitalização.
É fato que a digitalização está rapidamente mudando todo o ambiente de gestão das empresas. Entretanto a revolução digital propriamente dita, que é base fundamental para a revolução que vivemos hoje, o mundo 4.0, foi a marca que deu início a terceira revolução industrial que ocorreu entre os anos de 1950 e 1970.
O que diferencia o contexto de digitalização atual, é que a revolução é coisa do passado, agora vivemos aera da transformação digital. Se a revolução digital nos trouxe os conceitos de digitalização, a transformação digital nos traz sua efetiva aplicação prática nas atividades mais corriqueiras do dia a dia, contribuindo com a produtividade e velocidade dos processos empresariais. Por exemplo, temos hoje a utilização da chamada internet das coisas – IoT Internet of Things, onde é possível através da tecnologia, conectar dispositivos e recursos físicos de forma a comandar e controlar estes equipamentos em tempo real e a distância.
Dentre as diversas atividades logísticas, vamos destacar neste breve artigo, a gestão de estoques no mundo 4.0 e para isso é importante entendermos os quatro princípios que norteiam as tecnologias e aplicações 4.0 que são:
- Conectividade
- Qualidade da Informação
- Sistemas Autônomos
- Apoio a decisão
CONECTIVIDADE
O que diferencia basicamente a conectividade nos ambientes 3.0 e anteriores do ambiente 4.0? No passado a chamada visão “de dentro para fora”orientava a observação dos comportamentos da demanda e da oferta, sendo as análises e decisões realizadas e centradas no contexto da organização. Basicamente as ferramentas prioritárias para o dimensionamento dos estoques eram baseadas em recursos de tecnologia limitados, localmente instalados e normalmente operados de forma proprietária e isolada, com dados alimentados com base em processos de conversão manual.
Na visão 4.0 trabalhamos com dados expandidos, constituídos por conceitos como big data (megadados), onde fazemos uma imersão no comportamento da oferta e da demanda, para então realizarmos as análises e orientarmos as tomadas de decisão de forma integrada e com visão ampla da supply chain. Para isto contamos hoje com ferramentas como Cloud Computing (armazenamento de dados em “nuvem”, que na realidade são grandes provedores prestadores de serviços de tecnologia), SaaS – Software as a Service – Softwares passam a ser serviços e não mais ferramentas instaladas de forma proprietária, Web Data Interchange – troca de informações com base na Web em substituição a formas de conexão fechadas e ponto a ponto, VMI – Vendor Managed Inventory – estoques gerenciados pelo fornecedor, entre outras. Isto significa que, nos dias atuais, a gestão de estoques e da demanda é orientada pela troca eletrônica de dados e o compartilhamento de informações que são atualizadas em tempo real. E evidentemente suportados por provedores de conhecimento e tecnologia especialistas.
QUALIDADE DA INFORMAÇÃO
A gestão de estoques e da demanda evoluiu de um modelo completamente empírico, aplicado nas duas primeiras revoluções industriais, para a aplicação de modelos matemáticos, possibilitados pela evolução da tecnologia de informação na terceira revolução, principalmente por parte de organizações mais estruturadas e maduras. Na década de 1990 surgiram conceitos como o demand driven, que entendem que todo o planejamento deve estar baseado na visão de mercado.
Os conceitos 4.0 evoluíram baseados na Conectividade, como por exemplo na questão dos dados expandidos e do big data, aplicados em tempo real e considerando a amplificação da visão de estoques e demanda no contexto “End to End” da cadeia de abastecimento (Supply Chain).
SISTEMAS AUTÔNOMOS
É uma evolução característica da indústria 4.0 pois fundamentalmente dependem de tecnologia intensiva e de ponta para sua aplicação. Alguns conceitos desenvolvidos anteriormente e sem tecnologia disponível, serviram de base e até inspiração, como por exemplo, o sistema de cartões chamado de sistema Kanban de Manufatura, desenvolvido pelos japoneses para o auto gerenciamento de processos de produção puxada (pela demanda) e gestão de estoques (mínimos necessários).
Na gestão de estoques 4.0, sistemas autônomos são aqueles capazes de, através de algoritmos e ou inteligência artificial, executar automaticamente tarefas visando a reposição e composição dos estoques. Isto considera inclusive a integração de sistemas não somente dentro da organização, mas entre organizações.
APOIO A DECISÃO
No mundo 3.0, os sistemas de apoio à decisão buscavam entender o passado para projetar o futuro dentro de um contexto de logística empresarial, reagindo no presente através de planos de contingência. As ferramentas básicas utilizadas para a gestão de estoques eram planilhas eletrônicas e ferramentas generalistas, com recursos e algoritmos ainda limitados.
No mundo 4.0, as empresas buscam de forma colaborativa, tanto internamente quanto com seus parceiros, entender o presente para projetar o futuro, investindo em soluções especialistas para a gestão integrada.
A reação foi substituída pela responsividade que é a capacidade de resposta rápida e ação no momento presente, visando a adaptação as mudanças cada vez mais repentinas que ocorrem no mercado.
Esperamos que com este breve artigo, tenhamos mostrado como as empresas e o mercado visualizam a gestão de estoques em um ambiente 4.0 e as vantagens que podem ser obtidas.