Atingir um Desempenho “Nota 10” Na Operação
Atingir um desempenho “nota 10” na operação não é uma tarefa fácil
Como avaliar se uma operação é ou não “Nota 10”? Para isso, é necessário contar com um adequado sistema de medição e análise de desempenho. Mas como fazer efetivamente essa avaliação e conquistar a excelência operacional?
Passo 1 – Evolução Profissional
Em um sistema de aferição da qualidade dimensional, por exemplo, desenvolver padrões dimensionais e calibrá-los para que possam servir de referência é um desafio, porém, relativamente simples de se atingir. No caso da excelência operacional, as referências geralmente são pessoas. Sim, profissionais que se reúnem e estabelecem, de acordo com suas experiências, seus modelos mentais, seus parâmetros acadêmicos e práticos para o estabelecimento de um sistema de gestão por indicadores. A excelência operacional refere-se à primazia das equipes profissionais. Mas como alcançar um modelo de gestão do desempenho da operação “Nota 10” se nas empresas ainda existem muitos profissionais “Nota 7”? E veja, isso não é nenhum demérito, pois operações “nota 7” também funcionam. O problema surge quando o mercado e principalmente os seus concorrentes evoluem para “Nota 8”, sua operação continua sendo “7” e você se avaliando com uma “Nota 9” ou “Nota 10”. Sim, naturalmente, profissionais “Nota 7” têm dificuldades para enxergar as diferenças entre as operações acima de “7”. Isso acontece em qualquer ramo de atividade.
Exemplos Práticos
1. Uma empresa de grande porte convidou uma consultoria para planejar uma nova operação com investimentos em dois novos centros de distribuição. Quando foi questionada pelos especialistas a respeito do comportamento estatístico da demanda, a empresa informou que este tipo de análise não seria necessária, mas mesmo assim a consultoria insistiu. Sem querer desmerecer ninguém, a realidade é que a consultoria que insistiu, erroneamente, com esse tipo de questionamento, estava lidando com uma equipe “Nota 7” que pensava que era “Nota 10”. O que aconteceu com a consultoria? Perdeu o projeto, obviamente, para uma consultoria “Nota 7”, que cobrou bem mais barato, pois falou com o cliente no mesmo nível.
2. Em uma outra empresa de logística, os diretores apresentaram para toda a sua equipe gerencial “Nota 9” um projeto de centralização operacional que conheceram no exterior. No entanto, como essa diretoria era “Nota 7” e se achavam “Nota 10”, nem pediram a opinião da equipe. O resultado foi óbvio: a operação funciona até hoje como “Nota 7”, os diretores avaliam como “Nota 9” e a equipe de gestores, desmotivada, acabou saindo da empresa, entendendo que sua diretoria deveria investir mais em treinamento dela mesma, ao invés de exigir mais desempenho da equipe.
Humildade
Equipes “Nota 9 ou 10” são geralmente mais humildes que equipes e/ou profissionais “Nota 7” ou abaixo. Por isso é que muitos filósofos destacam que: quanto mais se sabe, mais temos ciência de nossa ignorância e é a humildade que nos ajuda a evoluir.
– Direção humilde geralmente trabalha com equipes mais fortes;
– Gerência humilde escuta mais seus times, e está continuamente insatisfeita com o desempenho da operação;
– Operação humilde já é mais comum em muitas empresas e por isso são os mais participativos quando são motivados a contribuir com a melhoria operacional.
Passo 2 – Em Busca da “Nota 10”
Para sua empresa conquistar a “Nota 10”, toda a equipe precisa estar convencida de que não é “Nota 10”. Até porque não somos mesmo! Faz sentido? É paradoxal, mas quanto mais uma equipe se aproxima da operação “Nota 10”, mais se sente “Nota 7, 6, 5…”, pois começa a descobrir novos horizontes ainda não explorados e isso, por si só, é altamente motivador. Isto significa que a excelência, por si só, já estaria caracterizada pelo simples fato da equipe mostrar insatisfação contínua com os resultados, mas a excelência também pressupõe reconhecimento, respeito e orgulho pelo esforço e pelas pessoas.
Passo 3 – Ciência e Arte
Se você já vem praticando os passos 1 e 2 há anos, perceberá naturalmente que a excelência também não vem apenas das análises quantitativas e científicas. Exemplificando esta afirmação com um outro estudo de caso real: uma empresa do setor de plástico solicitou um projeto, em 2011, para uma nova fábrica mais automatizada, visando o planejamento e a construção do “ótimo” operacional. Embora todos os números mostrassem o retorno sobre o investimento, algo nos dizia que deveríamos automatizar e manter a operação na planta atual. Foi o que se decidiu e, hoje, após 5 anos, é a operação de melhor desempenho operacional de todo o setor. No exemplo citado, não foram apenas os parâmetros quantitativos que influenciaram na decisão pela busca da excelência, mas fatores empíricos, a intuição, a “voz interior” que nos auxilia na tomada de decisão. Isso é a ARTE na busca da excelência e tem que ser valorizada.
Hoje, após alguns anos de experiência, fica muito claro não só para mim, mas para vários outros colegas de profissão que somos, de certa forma “artistas” da excelência operacional e assim como você, que pode estar na mesma condição, conseguimos contribuir muito mais do que apenas a análise técnica e científica. Concordam?
Passo 4 – Educação Continuada
Se você passou pelos 3 passos anteriores ou mesmo sendo jovem, já possui talentos de “artista” da excelência, sabe que só podemos evoluir continuamente com a educação. E neste caso, não estamos falando de “Notas 7, 8, 9 ou 10”, mas sim de notas muito mais baixas onde vemos, por exemplo, que 2,5 em uma escala de 0 a 10, é a média de notas de provas de matemática em alguns exames de avaliação em determinadas faculdades do Brasil. É impossível desejar evoluir e não agir a partir desta constatação. Existem demandas básicas de matemática, português e outras disciplinas que temos que suprir, mesmo sabendo que a responsabilidade deveria ser obrigação do Estado. Assim, não se iluda achando que a China faz “milagres” com preços, menosprezando a educação chinesa (Shangai está em 1º lugar no mundo neste quesito). Temos que acordar para o 4º passo, pois essa é a diferença.