A Importância do Plano Diretor Industrial
Nestes tempos difíceis que estamos atravessando, muitas pessoas perguntam se vale a pena investir em planejamento, já que as estratégias mudam a cada dia.
Minha resposta continua a mesma.
Sem o planejamento não existe gestão. Mesmo que tenhamos que mudá-lo constantemente como temos feito nos últimos anos.
O modelo de gestão que implementamos nas organizações baseia-se no PDCA – Planeje, Execute, Controle e Aja.
A única estratégia que não sai de moda é ser mais competitivo, para manter-se no negócio e melhorar os resultados ano a ano. Para isso temos que reduzir custos e aumentar o valor agregado continuamente.
E quando deveríamos começar a nos preocupar com os nossos custos ? Desde sempre.
Ou seja, desde o Projeto da fábrica e suas ampliações.
Pois muitas indústrias possuem as chamadas “PERDAS CRÔNICAS” principalmente de movimentação de materiais, pois em função da falta ou pressa em desenvolver seu planejamento, posicionaram algumas máquinas ou linhas fora do fluxo, e agora não mudarão mais, em função do alto investimento, que não se pagará.
Por isso da importância dos Planos Diretores Industriais.
O Plano Diretor Industrial projeta o arranjo físico das fábricas, em função do seu Plano Estratégico.
Os dados de entrada são a projeção de crescimento da demanda, os novos produtos e novos processos e suas tecnologias e as informações dos fluxos de materiais e da importância dos relacionamentos entre os setores.
A partir daí dimensionamos a necessidade de área para o futuro e arranjamos nos casos dos Projetos de Concepção (Fábricas Novas) ou rearranjamos nos casos de Projetos de Correção estas áreas nos terrenos ou nas plantas já existentes.
Não podemos nos esquecer das áreas relacionadas à intralogística, tais como: bolsões para caminhões, áreas de manobras, fluxo interno de veículos, balanças rodoviárias, recebimento e estocagem de matérias-primas, estoques em processo, estoques de produtos acabados e expedição.
As vezes nos contratam para “dar um jeito” nestas áreas, pois no projeto industrial foram negligenciadas, pois não houve o aprofundamento necessário para dimensioná-las e posicioná-las. E muitas destas vezes, as consequências são muito graves, por exemplo quando as carretas não manobram e os estoques não cabem.
A metodologia utilizada há vários anos é o SLP – Systematic Layout PlanningouPlanejamento Sistemático de Layoutidealizado por Richard Muther, falecido em 2.014 e parceiro da IMAM de longa data.
Figura 1: Livro da IMAM Consultoria que contém a Metodologia SLP
A metodologia compreende o dimensionamento das áreas e a análise da interrelação entre elas, tanto as que possuem fluxo físico de material, quanto aquelas que somente prestam serviço, como manutenção, ou PPCP (Planejamento, Programação e Controle da Produção).
A ferramenta utilizada é a carta de interrelação, onde cada área da Empresa é classificada em função da importância da proximidade ou não com as demais áreas.
Figura 2: Exemplo de uma carta de interrelação.
Figura 3: Corte de uma carta de interrelação
Figura 4: Legenda da carta de interrelação
Uma vez desenvolvida a carta de interrelação, devemos começar a geração de alternativas de block-layout levando-se em conta o indicador de Momento de Transporte, que relaciona a distância percorrida pelos materiais com a intensidade de fluxo, viagens por hora, ou toneladas transportadas por minuto, etc… a fim de sairmos do achismo na avaliação das alternativas.
Também é muito importante nos casos de novas plantas avaliarmos a topografia do terreno, a partir do levantamento planialtimétrico, pois as vezes para acomodarmos o prédio no terreno, precisaremos mover uma grande quantidade de terra na terraplanagem, e isso poderá inviabilizar a solução ideal para o fluxo de materiais, em função do grande investimento.
Nossa recomendação é que os especialistas em fluxo e layout deverão trabalhar juntos com os especialistas de engenharia e arquitetura, a fim de gerarmos a melhor solução, para equilibrar estas forças.
E o que acontece quando as previsões de crescimento da demanda se alteram ao longo do tempo, já que não temos ainda as “bolas de cristal” ?
Nestes casos é imprescindível termos o plano para gerenciarmos a implementação, pois quando as previsões são otimistas demais, adiamos o avanço das construções e ampliações de capacidade e quando as previsões são pessimistas demais teremos que antecipar os investimentos.
Porém, em ambos os casos, se não tivermos o Plano Diretor Industrial em mãos, continuaremos a construir os famosos “puxadinhos”, que servem somente para improvisarmos as ampliações, sem nenhum estudo prévio.
E se aparecerem novos negócios ou novos processos, ainda não planejados ?
Mais uma vez é muito importante termos o Plano Diretor Industrial, para nos balizarmosa partirdas áreas de expansão, ou o refazermos, levando-se em conta a metodologia SLP, assim não necessitaremos reinventar a roda.
Portanto o Plano Diretor Industrial continuará a nos guiar, com muitas ou poucas mudanças ao longo do tempo, sempre buscando a otimização e a segurança das operações. Pois sem um plano, não fazemos gerenciamento.
Já dizia o Sr. Charles LutwidgeDodgson, autor de Alice no país das maravilhas:“Se você não sabe onde quer ir, qualquer caminho serve”.
Bom planejamento.
Bom dia!
Qual o valor deste curso e para quando temos turmas presenciais?
Como é um curso muito especifíco, somente fazemos na modalidade de curso “in-company”, ou seja na sua empresa, podemos entrar em contato por e-mail?