O Poder da Autonomia
Ela está entre os principais pesadelos dos gestores centralizadores. E hoje faz-se absolutamente necessária em todas as organizações.
Estou me referindo a tal “autonomia”.
Segundo o dicionário On Line de Português: “Competência para gerir sua própria vida, fazendo uso de seus próprios meios, vontades ou princípios.”
Foi em 1986 quando a IMAM Consultoria já estava em plena atividade com a Missão ao Japão, sendo treinados por Taiichi Ohno, Shigeo Shingo, entre outros, que os Professores Hirotaka Takeuchi e Ikujiro Nonaka escreveram seu clássico “The new new product development game” na Harvard Business Review, que serviria de input para a aplicação prática dos métodos ágeis, que quebraram e continuam quebrando inúmeros paradigmas na gestão de projetos.
Segundo os Srs. Takeuchi e Nonaka, a sua abrangente pesquisa, já naquela época revelou 3 características das pessoas, que faziam os Times de Desenvolvimento de Produtos alcançarem desempenhos muito superiores aos demais: Transcendentes, Multidepartamentais e Autônomos (Autogerenciáveis).
Transcendentes para se motivarem através dos propósitos de seus projetos e não através de metas, Multidepartamentais para que houvesse muitas visões sobre o mesmo problema, potencializando a visão sistêmica do grupo e Autogerenciáveis, por serem capazes de gerenciar suas rotinas, recursos, principalmente o seu tempo e a programação das suas tarefas.
Até hoje nos nossos Projetos de Gestão Competitiva utilizamos estes três princípios no desenvolvimento das pessoas que trabalham em nossos Times.
A melhor pessoa para definir, o que fazer, como fazer e quando fazer, é a pessoa que executa a atividade.
Uma notória montadora japonesa chega ao extremo de ter um o seguinte lema: “Nunca diga ao seu funcionário o que fazer”. Obviamente depois de 6 meses de processo de integração e treinamento na função.
Hoje em dia com as novas gerações acessando muita informação e questionando tudo o que encontram pela frente, a tal de “autonomia” veste como uma luva sob medida nos Modelos de Gestão Competitivos nas melhores organizações.
E por que é tão difícil para alguns gestores delegar autonomia?
As respostas nós da IMAM cansamos de ouvir nestes anos todos, mas resumem-se em poucas desculpas, tais como:
- Não confio na Equipe. Ora, se não confia, como se relaciona com ela? Já que a confiança é a principal pedra fundamental de qualquer relação humana?
- Não estão preparados. Ora de quem é a responsabilidade de prepara-los? Se não o próprio líder? O líder coach que prefiro chamar de líder treinador, que é um dos estilos de liderança mais cultuados hoje, mas que os japoneses já utilizam há décadas.
- Minha Equipe não é comprometida com a Empresa. É lógico que não é. Para alcançarmos o comprometimento, temos que passar pela conscientização e envolvimento, que atinge sua plenitude quando temos total autonomia para decidirmos e a autonomia é diretamente proporcional a responsabilidade que conquistamos. Como conquistar se não permitimos nem os preparamos?
E quais são as vantagens de dar autonomia à Equipe? Podemos citar as principais:
- Prepara para o comprometimento (só não garante pois nós nos comprometemos se quisermos), mas vamos criar uma condição favorável para isso;
- Melhora a autoestima do Time;
- Prepara as pessoas para assumirem posições de maior responsabilidade;
- Cria um senso de responsabilidade mais forte das pessoas;
- Libera os gestores para atividades mais nobres do que controlar a Equipe, tais como, pensar em melhorias e fazer planejamento.
Por essas e por outras, sugiro aos centralizadores começarem a pensar no assunto, sob pena de não conseguirem alcançar seus objetivos, que a cada dia tornam-se mais desafiadores.
Boa jornada.