Projeto e Layout do Armazém
Um armazém é uma grande “caixa” na qual você estoca produtos e materiais. O armazém atual não é o armazém de vinte anos atrás e irá ser totalmente diferente no futuro. Todo papel e propósito estratégico da armazenagem estão mudando e estão mudando em alta velocidade. O armazém não é mais um depósito de estoque que vem para ficar. É de se esperar que estamos transformando nossos armazéns em algo mais. Estamos expandindo o número de expedições com menos estoque. Portanto, toda a lógica do projeto anterior do armazém foi mudada. No passado, precisávamos de grandes áreas de estocagem e pequenas áreas para expedições. Isto mudou. Agora, precisamos de maiores áreas de montagem para expedição e menores áreas de estocagem. Precisamos de maiores áreas de separação, mais boxes de separação e menos estoque de suporte. O esforço de projeto é, efetivamente, um equilíbrio entre o volume certo de espaço, mão-de-obra e tempo, em conjunto com o entendimento da estratégia, localização e todas as demais informações comerciais. Assim, se o papel de seu armazém mudou para se transformar em uma operação de cross-docking versus uma estocagem de segurança e de itens sazonais, então o propósito estratégico do armazém mudou e seu projeto também precisa mudar.
Sinais de advertência da necessidade de reprojetar
Em muitos armazéns, no momento, está-se tentando fazer duas a três vezes mais do que aquilo para o qual eles foram projetados. Sendo assim, o que acontece? Temos estoque colocado em corredores. Temos múltiplos SKUs no mesmo palete. Temos múltiplos paletes no mesmo local de separação. Isto destrói a produtividade. Estraga tudo para o que o armazém foi projetado. Infelizmente, cria uma montanha de outros problemas, os quais são indicadores da necessidade de reprojetar o armazém.
- O papel estratégico do armazém mudou
- A necessidade de espaço do armazém aumentou;
- Os custos operacionais estão aumentando mais rapidamente do que o ganho;
- Os custos da mão-de-obra mudaram significativamente;
- O espaço disponível para realizar as atividades do armazém diminuiu;
- O congestionamento está aumentando;
- Erros de expedição e outras medições de serviços diminuíram;
- O tempo de ciclo de pedidos diminuiu significativamente;
- As instalações externas estão sendo utilizadas;
- “Ajustes” de curto prazo são necessários;
- As questões de gerenciamento/controle do estoque estão em alta.
Enfoque de projeto
O enfoque geral para um bom projeto do armazém sofre pesado impacto com função da coleta de dados, do entendimento das questões do negócio e do desenvolvimento de conceitos.
Coleta de dados
O aspecto mais importante do projeto ou reprojeto do armazém é a coleta de dados. O problema mais importante, de um modo geral, é a falta de bons dados sobre os quais basear o projeto. As pessoas, freqüentemente, não sabem quantos SKUs aumentarão, nem sua dimensão ou metragem cúbica, ou peso daquilo que irão estocar. Se você não possui tais informações, será extremamente difícil projetar com um bom grau de acuracidade. Isto não torna impossível desenvolver um bom projeto de armazém. Todavia, exige que você colete todos os dados e informações disponíveis e faça algumas suposições e utilize estas suposições para substituir informações que não se encontram disponíveis.
Quais dados você precisa para executar o projeto do armazém? Você precisa saber quantos SKUs possui. Não somente hoje, mas quais são as projeções futuras do número de SKUs que você terá? Você pertence a um setor que está mudando de modo dinâmico? Você está em um negócio o qual irá continuamente expandir o número de SKUs? O número de SKUs irá definir quantos locais de face de separação você precisa e quantos locais de estoque de “fundo” você precisa. Isto irá definir as características de sua separação de pedidos. Quantos produtos você irá ter? Quantos SKUs você irá ter daqui a 3 ou 5 anos? Você irá acrescentar novas linhas? Irá fazer aquisições? Haverá proliferação de tamanhos de pacotes ou cores, sabores ou estilos? Geralmente, o que você faz é começar com o número atual de SKUs, examinar algumas das mudanças que já estão previstas e fazer uma previsão da taxa de crescimento baseada nestas mudanças.
Para projetar a especificação do SKU, devem ser considerados o número de SKUs? Qual é o peso dos SKus?
Quais são suas dimensões cúbicas? Você não pode projetar um armazém para um tamanho de SKU quanto você tem SKUs de diferentes tamanhos.
Throughput – anual, mensal ou sazonal? Existe sazonalidade em suas linhas de produção? Você possui picos no final do mês? Você tem picos no final do trimestre? Você obtém 60% de seu volume na última semana do mês e os outros 40% espalhados uniformemente na terceira semana do mês e nada na primeira e segunda semana do mês? Você precisa projetar uma instalação para solucionar o pico e não a média.
Características de recebimento – quanto, com qual freqüência e o volume? Tudo chega na sexta-feira?
Tudo chega na segunda-feira? Tudo chega em um único mês do ano?
Características de expedição – quanto, com qual freqüência e o volume? Tudo sai na sexta-feira? Tudo sai
na segunda-feira?
Características de estocagem – quantos, qual tamanho, peso, etc.?
Giros do estoque
Todos nós gostaríamos de ver, pelo menos, 12 giros na maioria dos armazéns, em alguns casos, mais do que isto. Se você está no negócio de peças de reposição, poderá ter peças que irão ficar nas prateleiras durante 2 ou 3 anos, antes que venda uma. Desde que você esteja fazendo uma margem adequada sobre elas, não há nada de errado com isto, mas isto provoca um impacto em como será o projeto da instalação para movimentar esses itens. Você pode ter itens que irão voar da prateleira. Talvez eles irão girar 30 vezes por ano, ou até mais. Bem, se eles forem estocados no mesmo armazém que as peças de reposição de baixo giro, você
precisará de diferentes métodos ou layouts de estocagem para cada tipo. Conseqüentemente, você terá diferentes zonas no armazém e terá uma instalação que é projetada para diferentes tipos de produtos. Dessa forma, você precisa compreender as características de todos os SKUs. O que você pode esperar desses produtos do ponto de vista de inventário e de estocagem? Eles precisam de estocagem refrigerada, congelada ou de baixa umidade? Podem ser estocados ao ar livre, etc.?
O projeto de um armazém é desenvolvido normalmente em três fases.
1. Pré-engenharia
A primeira coisa que você deve fazer é compreender qual é a estratégia gerencial. Qual é o propósito estratégico da instalação hoje e amanhã e a diretriz futura da sua organização, divisão, grupo e instalação? Será uma instalação de estocagem ou uma de cross-docking? Tornar-se-á um depósito de logística reversa? O próximo passo é a coleta de dados e de informações. Uma vez que você tenha coletado os dados, deverá realizar alguma análise estatística. Você sabe quantas caixas de papel irá movimentar. Sabe qual a metragem cúbica de cada SKU. Sabe qual é o número de SKUs, com qual freqüência irá girar o estoque, agora você
poderá calcular quanto espaço de estocagem precisa, pelo menos grosso modo.
Projeto conceitual
Uma vez que você saiba o espaço bruto de que precisa, poderá começar a realizar o projeto conceitual. Isto não define os detalhes de como serão estocados os produtos. Não fornece os detalhes específicos, mas dá cálculos brutos. Assim, poderá ser decidido o quão grande precisa ser a instalação, de modo que possa começar a determinar qual será seu custo.
Planejamento do layout
Você pode, então, começar a realizar o planejamento do layout onde devem existir os diferentes relacionamentos entre atividades. Uma vez feito isto, poderá começar a determinar quanta mão-de-obra a instalação exigirá. Se houver estocagem em uma extremidade do edifício e recebimento na outra ponta, então irá
precisar que um número “x” de pessoas para movimentar o produto de uma extremidade a outra do edifício. Uma vez que tenha sido feito isto, poderá começar a realizar a análise de custo operacional e de investimento a partir das diferentes alternativas desenvolvidas.Na fase conceitual foi desenvolvida cada uma destas alternativas. Agora, será necessário fazer a avaliação de quanto essas alternativas custarão. Por exemplo, utilização de carrinhos porta-paletes ou trens guiados carregados com paletes ou empilhadeiras para movimentar o produto? É necessária uma avaliação econômica de cada alternativa de projeto operacional para
determinar qual será o mais econômico. Qual seria o tipo de layout mais prático e a operação que será projetada? A seguir, o desenvolvimento dos requisitos gerais do sistema de informações e gerenciamento. Poderá ser feito um desenho em perspectiva para ver como ficará a instalação.
Princípios de trade-off da estocagem
Quando existem diversas alternativas para examinar, precisará de certas normas para determinar qual alternativa é a melhor. Poderá fazer determinadas avaliações financeiras, mas existem alguns princípios gerais de trade-off que desejará considerar em qualquer projeto. Quanto maior for o item, tanto menos você desejará movimentá-lo. Tudo bem movimentar peças menores que exigem menos mão-de-obra, mas se você tem itens grandes, não desejará ter de fazer múltipla movimentação deles. Você quer o menor caminho, a distância de viagem mais curta e menos mão-de-obra e equipamentos para movimentar os itens de um lado para outro. Este é o motivo pelo qual existe o conceito básico de produtos com movimentação mais rápida o mais próximo da porta, porque isto limita a quantidade do tempo de viagem para retirar e guardar estoque e expedi-lo novamente.
O menor espaço – quanto menor for o espaço no qual é colocado estoque, por definição, tanto menor será a distância de viagem, porque se colocar todos os SKUs em somente um local, então poderá recolher deste local e não terá de viajar entre múltiplos locais.
Menos movimentação, menos mão-de-obra – quanto menos vezes precisar movimentar um item, tanto menos movimentação, mão-de-obra e custo. Evidentemente, tão logo comece a ter menos movimentação, menos mão-de-obra, menos custo, começa a ter maiores espaços de estocagem e, portanto,violou a norma anterior que tem a ver com menor espaço e viagem mais curta. Dessa forma, devem ser balanceados estes múltiplos princípios.
Agrupamentos de estoque – levar um número de itens que são similares e colocá-los em uma única área. Tempos menores – se está separando um determinado tipo de item, desejará separar todos estes itens antes de ir de uma área para outra.
Balanceamento das atividades – se existem múltiplas atividades como expedição, separação, recebimento e embalagem, desejará balancear os requisitos de tempo de cada uma deles, de modo que possa reduzir a quantidade de tempo gasto em cada atividade em uma base unitária executando tamanhos mais longos de corridas. Se existem pessoas diferentes separando o pedido, para a seguir embalar o pedido e então expedir o pedido, terá menos tempo de setup e menos interrupções, mas maiores tempos de viagem entre cada estação.
Estes são trade-offs referentes às configurações de estocagem. Tomamos por exemplo, uma instalação com 6 m de pé-direito, onde existe uma estrutura porta-paletes de simples profundidade com um corredor estreito e outra com estrutura porta-paletes de dupla profundidade. A diferença tem a ver com o volume de estoque que você pode estocar dentro do mesmo espaço de piso. Assim, a diferença está entre a profundidade única e a dupla. Neste caso se estiver estocando 40.000 caixas, terá economizado 1.500 m2 de instalação com uma configuração de profundidade dupla.
Medição do espaço no piso em diferentes aplicações – corredores de largura padrão utilizam empilhadeiras frontais a contrapeso, as quais exigem um corredor de 3,5 m. Uma empilhadeira de mastro retrátil 2,5 m ou 30% a menos. Isto irá variar dependendo do equipamento específico e projeto de tal equipamento.
Na maioria dos armazéns, você encontrará as empilhadeiras tradicionais e dois tipos de estocagem: estocagem a granel sem porta-paletes e estocagem a granel com uma parte de porta-paletes de profundidade única. As oportunidades para melhorar a utilização do espaço serão especialmente aplicáveis no reprojeto de tal armazém. Indo de uma estrutura porta-paletes de profundidade única para uma de profundidade dupla ou de aplicações de largura tradicional de corredor para aplicação de corredor estreito, o tamanho e o número de corredores serão reduzidos, portanto, eliminado a metragem quadrada que você dedicou ao corredor. Portanto, aumenta a utilização que você obtém da mesma metragem quadrada da instalação.
Outra questão é a altura. Quanto mais alto, tanto menor será a metragem quadrada necessária. Já que é assim, por que não utilizar sempre a altura de 18 m, por exemplo? Porque quanto mais alto você vai, duas coisas acontecem. Sua estrutura porta-paletes e o equipamento de movimentação tornam-se de custo mais levado e seus custos operacionais sobem, mesmo que seu custo por m2 abaixe. Os trade-offs de equipamentos precisam ser examinados – o custo dos equipamentos, da manutenção, da mão-de-obra, o investimento total em equipamentos e peças e a amortização e o valor residual do tal equipamento. Além dos trade-offs econômicos, você também precisará analisar qual impacto será provocado no tempo de ciclo? Poderá obter pedidos mais rapidamente se tiver operações automatizadas ou uma operação manual? O que acontecerá com sua flexibilidade, na hipótese da linha de produtos mudar? A análise do menor custo é somente uma parte dos critérios de projeto. Além disso, é necessário considerar fatores qualitativos, tais como:
- Flexibilidade;
- Facilidade de manutenção;
- Serviço de atendimento ao cliente;
- Segurança;
- Housekeeping;
- Ruído.
De fato, todos estes fatores e outros, que influenciam o investimento, projeto, serviço, implementação e operação contínua da nova instalação, precisam ser compreendidos. Se cada um foi adequadamente considerado, a nova instalação oferecerá benefícios significativos e risco mínimo.
2. Engenharia
Na fase de engenharia ou projeto detalhado, você executará os desenhos de engenharia e layout do sistema. Antes se sabia que se precisava de 10.000 m2. Agora, precisa-se determinar onde ficarão os corredores, onde ficarão as estruturas porta-paletes e quanto espaço cada um deles irá tomar e o que fazer com relação às
colunas que suportam o prédio. Ao mesmo tempo em que foram executados a engenharia, os desenhos e o layout do sistema, deverá começar a se determinar os desenhos de requisitos elétricos, iluminação e fiação para computador. Onde você precisa dos terminais? Onde você precisa de luz? Você deverá fazer desenhos de equipamentos. Dependendo do grau de sofisticação do equipamento de movimentação de material, tais desenhos podem ficar extremamente detalhados. Será necessário projetar e executar a engenharia dos equipamentos e especificações de controle, e um esboço dos critérios ou alterações do prédio.
Construir ou modificar
Na maioria dos casos, o armazém mudará para um prédio que já existe. E, em muitos casos, tal prédio pode precisar de determinadas alterações para que possa ser adequado ao projeto da instalação projetado. Se lhe for dada a oportunidade de projetar desde o rascunho, você desejará delinear quais requisitos o prédio deverá ter.
Manuais de procedimentos operacionais
Esta talvez seja uma das áreas mais desprezadas. Você projetou uma instalação, um sistema operacional e o equipamento de movimentação de materiais, agora o próximo passo é desenvolver um procedimento operacional detalhado que diga como você irá fazer o que, quando e onde. Quantas pessoas irão estar executando as coisas? Qual é o tipo de equipamento? Onde o equipamento será guardado? Como você faz a manutenção do equipamento? Isto faz muito mais sentido ser desenvolvido no momento em que você estiver projetando a instalação e, a seguir, tente desenvolvê-lo, com base nas práticas ou utilização das operações ou no projeto da instalação.
3. Fase de implementação
Agora, você está pronto para a fase de implementação, na qual você irá emitir propostas aos fornecedores de equipamentos com base nas suas necessidades. Estas propostas deverão especificar exatamente o que é necessário, tal como a capacidade em peso, quanto tempo a bateria deverá durar, etc. Então, você poderá
revisar e analisar as respostas, porque você enviou a mesma proposta para múltiplos fornecedores, com base nas mesmas especificações, de modo que poderá comparar “maçãs com maçãs”. Um bom projeto do armazém depende de o quão bem você entende o negócio. A instalação precisa, em última análise, suportar o plano logístico estratégico da empresa, objetivos do serviço de atendimento ao cliente e demais objetivos. Mesmo que todos esses objetivos e as necessidades da organização sejam atendidos, tanto o horizonte de planejamento quanto, no decorrer do tempo, a melhor instalação com tecnologia de ponta poderão não solucionar suas necessidades reais.