Uma imersão além dos “Milagres Econômicos”
Como uma nação arrasada física e moralmente após a 2ª Guerra Mundial, reergueu-se superando várias crises econômicas que assolaram o mundo nestes quase 80 anos, e tornou-se referência em gestão competitiva, inovando com melhorias de ruptura (“Kaikaku”) e contínuas (“Kaizens”)?
É isto que os membros da 48ª Missão do IMAM ao Japão, verão entre os dias 6 e 12 de outubro, dentro das empresas a serem visitadas nas cidades de Osaka, Kyoto, Nagoya e Tokyo.
Há 40 anos, os fundadores do Grupo IMAM, Reinaldo A. Moura e José Mauricio Banzato, realizaram a 1ª. viagem de Estudos da Qualidade e Produtividade, onde foram aprimorar os conhecimentos teóricos e ver na prática o sucesso que as técnicas japonesas estavam provocando no ocidente, principalmente na América do Norte, que adaptou este modelo de gestão com o título de “Lean” (enxuto) para muitos e até “secos” para outros!
Como a Missão está na 48ª edição e o Grupo IMAM possui 44 anos desde sua fundação?
Durante a década de 1990, houve anos em que duas Missões foram realizadas (uma no primeiro semestre e outra no segundo semestre), tamanha era a demanda por ver e entender o que havia de “milagre” por trás das lendas (uma delas era que uma montadora japonesa terminava de montar os carros no navio, pois ganhava-se tempo na linha de montagem e o marinheiros não ficavam ociosos durante a viagem entre Yokohama e São Francisco), e dos mitos e das “estórias” que se contavam aqui no Brasil e em outras partes do mundo.
Nesta década, os fundadores do Grupo IMAM, escreveram o livro “Lições das Missões ao Japão”, relatando o que viram nas empresas visitadas e o depoimento de alguns dos participantes.
A Missão é repleta de atividades, com visitas a duas empresas por dia, ao longo de uma semana, e o deslocamento ao final do dia entre as cidades, numa logística muito bem planejada, incluindo traslado com o trem bala (shinkansen), afirma Reinaldo A. Moura. Além disso, é acompanhada por um intérprete, Jorge Ninomiya, que já estudou e trabalhou no Japão e acompanhou mais de 50 delegações para a tradução consecutiva de todas as atividades. Conta também com uma guia cultural, que entre os deslocamentos conta detalhes e curiosidades, sobre os costumes e tradições, como em Kyoto e outros localidades.
Os membros, além da oportunidade de networking entre si, fazem um verdadeiro benchmarking de suas operações e então entendem por que estas técnicas de engenharia industrial desenvolvidas no ocidente deram certo no Japão, principalmente considerando a escassez de recursos, entre eles a falta de espaço (daí o porquê de visitarmos empresas com armazéns autoportantes de cerca de 50 metros de altura), além da vasta gama de automação, robótica, humanóides, etc. A inteligência da automação é utilizada no Japão para evitar os esforços repetitivos, pesados e insalubres, deslocando as pessoas para as funções mais nobres, que agregam valor e fazem a diferença.
Reinaldo A. Moura, pioneiro no treinamento das técnicas japonesas no Brasil nos anos 1980, entre elas o sistema kanban (é também autor do livro: “Kanban, a simplicidade do controle da produção”), sistema de troca rápida de modelos de produção (SMED em inglês), células de manufatura, etc., destaca que tudo é como um efeito dominó, uma ferramenta desencadeia a próxima e assim sucessivamente. Daí a necessidade de ver “in loco” a verdadeira busca da eliminação contínua de perdas (ou desperdícios), que nada agregam de valor ao cliente.
Certa vez, Reinaldo perguntou a um gerente de uma empresa de autopeças (atualmente aposentado e orientador das Missões do IMAM): “Por que os gerentes daquela empresa faziam questão de mostrar tudo a nós e até nos deixaram fotografar?”, ele respondeu: “Assim que vocês deixavam a empresa, os diretores reuniam-se com os gerentes e diziam: “Viram como eles perguntaram sobre tudo? Fotografaram nossos controles visuais (“andon” em japonês) e saibam que eles voltarão nos próximos anos, e o líder deles, vem a cada 2 anos trazendo outros membros, e irá querer mostrar que alguma coisa mudou, portanto, voltem a seus postos de trabalho e mudem o “status quo””.
Assim é, nem a tradição é sagrada no Japão! Kaizen, é um modo de vida com pensamento em continua “insatisfação” com o padrão atual. Você pode e deve escrever procedimentos, padronizar, etc., mas esteja atento às mudanças. Crie, recrie, e não se acomode, e preparem-se para enfrentar os concorrentes.
O Japão enfrentou no passado os tigres asiáticos (Coreia, Singapura, Taiwan) e hoje enfrenta os chineses, a um passo da terra do sol nascente, onde possuem fábricas e milhares de oportunidades para exportar qualquer coisa.
A Missão do IMAM ao Japão, encerra-se na semana anterior à 2ª fase da feira de Cantão, uma exposição mundial, subdividida em 3 fases, sendo cada uma de 5 dias, pois é impossível você visitar tudo de uma só vez! E quer começar a entender mais: Visite o Festival do Japão que acontecerá no São Paulo Expo nos dias 12 a 14 de julho. Sayonara