Muito Além da Redução de Custos no TRC
Felizmente a gestão do transporte rodoviário de cargas (TRC) evoluiu muitos nos últimos anos, quando se tratava de um setor isolado sem envolvimento com as demais atividades da logística, porém representa um dos custos mais relevantes da distribuição e apenas ultimamente passou a ser visto como parte integrante de um processo de gestão.
Sim, houve uma grande transformação, porém ainda se percebe muitas empresas que se preocupam quase que exclusivamente com redução dos custos, quando deveriam ter uma percepção mais abrangente do processo, avaliando a necessidade (ou não) de detalhar as etapas abaixo:
- Produto no contexto do da cadeia de abastecimento (supply chain management) e na cadeia de valor (etapas em que são agregados custos ou valores), desde as matérias primas, até a entrega ao consumidor (cliente final);
- O processo de distribuição considerando a concorrência, o valor agregado dos produtos, os prazos de entrega e as distâncias;
- O transporte será por carga lotação ou fracionada;
- Na sequência devemos avaliar a disponibilidade dos modais em função dos volumes, valor agregado, distância, “transit-time” x prazo necessário para a entrega;
- Considerar que o TRC poderá ser necessário para conexão com outros modais;
- No caso de TRC se é viável (ou não) ter frota própria.
Ufa! Depois da avaliação dos tópicos citados acima, podemos iniciar um processo de BID (bidding process – concorrência / licitação), para o qual devemos ter alguns cuidados na escolha das empresas e não considerar apenas os custos, entre eles:
- Avaliar cada empresa: infraestrutura, qualificação da equipe, regiões de atuação,
- Sistemas de gestão: Compliance, riscos, sustentabilidade, atendimento e indicadores de desempenho;
- Disponibilidade de aplicativos (ERP, TMS, WMS, rastreamento) e equipe para adequação de interfaces;
- Frota (própria, agregada ou autônomos): tipos, idade e estado de manutenção;
- Avaliação de custos, porém após a equalização das demais características acima.
Conclusão:
Sim é possível reduzir custos com transportes, porém cuidando das etapas acima e não tratando o processo como um simples leilão de preços, que normalmente resultam em quebras de contratos devido a má qualidade do serviços prestado, ou no mínimo com aditamento, resultando em aumento de custos.
Reduzir custos com transportes não deve ser visto como um simples leilão, que deve ser feito apenas após um processo de qualificação e equalização.
Autor: Antonio Carlos da Silva Rezende é engenheiro mecânico e de segurança no trabalho pela FEI, extensão pela FGV, qualificação em mestrado pela Escola Politécnica da Universidade São Paulo e gerente da divisão de logística do IMAM, entidade dedicada ao treinamento, publicações e consultoria.