Transição Energética: como ela afeta os veículos de transporte de carga?
Vamos entender a situação atual e as tendências
Recentemente a mídia tem divulgado muitas informações sobre o “impacto dos transportes no meio ambiente”, porém contaminadas por interesses diversos (econômicos, políticos e ideológicos) e neste contexto podemos citar, de um lado os imediatistas que desejam manter as tecnologias e as emissões nos padrões atuais e em contrapartida os ambientalistas que idealizam um mundo “totalmente livre” de poluentes. O fato é, que o setor de transportes é responsável por aproximadamente 20% das emissões de CO2, um dos principais causadores do “efeito estufa”, cujas consequências são percebidas com o aumento sensível da temperatura global, que está gerando apreensão nos meios científicos devido a repercussão na economia a médio e longo prazo (principalmente na agricultura).
Este artigo não tem a pretensão de esgotar um assunto tão complexo, mas mostrar que já temos informações que podem possibilitar escolhas razoáveis e colaborar na mitigação dos efeitos ambientais. Vamos explorar um pouco deste conhecimento:
No caso do transporte rodoviário de cargas (TRC), vamos focar nos motores (média e alta potência), necessários para tracionar veículos com capacidades cada vez maiores:
- O diesel é de longe o combustível mais utilizado (é a melhor relação entre custo e potência), porém o principal gerador de gases poluentes e cuja utilização deve ser reavaliada (apesar da evolução do diesel S10, menos poluente);
- Entre os combustíveis fósseis, além do diesel, existe a gasolina (com ~30% de adição de etanol que atenua a emissão de CO2) e o GNV (gás natural veicular) que não são adequados para motores de alta potência;
- Os biocombustíveis (origem vegetal e renovável), no caso o Etanol para veículos leves é uma realidade (boa relação entre custo, benefício e boa infraestrutura de distribuição) e para biodiesel deverá fazer parte da composição do diesel fóssil com 15%, atenuando a emissão de gases;
- Os sintéticos (e-fuel), resultado de “transformação química”, são menos poluentes que os combustíveis fosseis, porém ainda em desenvolvimento e sem perspectiva para utilização em motores de alta potência;
- Os veículos elétricos, com as baterias de Li passando por rápida evolução, ou híbridos, com combustíveis convencionais, são uma realidade (razoável relação entre custo, benefício, tempo de carregamento e autonomia), porém seu uso para motores de alta potência (TRC) ainda está em desenvolvimento, além da necessidade de aprimorar aspectos de segurança (principalmente no momento da recarga);
- Os veículos “movidos” a hidrogênio (H2) são uma alternativa mais complexa porque dependem de uma célula de hidrogênio (altamente inflamável e será necessária instalação de infraestrutura para distribuição) que gera energia elétrica (razoável relação entre custo, benefício, 5 minutos para carregamento e autonomia);
- Atualmente a geração do H2 não é considerada limpa, mas já estão sendo construídas instalações para produção do chamado “hidrogênio verde”, cuja energia será gerada a partir fontes renováveis, como células fotovoltaicas ou geradores eólicos);
Tecnologias ainda em desenvolvimento:
- Combina células de combustível de hidrogênio com baterias (atualmente de Li – Lítio) – em experiência na China em locomotiva para 10.000t;
- Integração de H2 em motores diesel – em experiência pela Shell Brasil
- A GWM firmou convenio com o Estado de São Paulo para desenvolver veículos movidos a hidrogênio;
Conclusão:
Para veículos leves, as soluções estão bem direcionadas considerando que o Etanol é uma realidade e os elétricos e híbridos estão se consolidando, entretanto para o transporte rodoviário de cargas (TRC) em função do que foi exposto acima devemos aguardar os desenvolvimentos em andamento e não se precipitar na tomada de decisão.
Nota: Devemos ressaltar que além da escolha do tipo de motor/combustível não devemos desconsiderar a importância da escolha adequada dos demais modais, normalmente menos poluidores que o TRC.