10 Técnicas Para Inspeção e Recebimento de Materiais
Muitas empresas implementaram o processo Inspeção de Qualidade de Entrada, ou IQC, do inglês Incoming Quality Control, para medir, avaliar ou auditar componentes adquiridos e matérias-primas com o propósito de garantir a conformidade com padrões de qualidade e a requisitos de desempenho. A inspeção de entrada desempenha um importante papel dentro de uma organização. Este processo de avaliação distingue lotes suspeitos e não conformes de lotes conformes. Todavia, muitas empresas deixam muito a desejar ao estabelecer um processo de inspeção de entrada ideal, ou pelo menos um próximo do ideal. É fato que, algumas organizações, gastam mais dinheiro do que o necessário para garantir a conformidade dos componentes e matérias-primas comprados/adquiridos.
Ao longo de meus 16 anos de carreira como engenheiro de qualidade, coordenador de qualidade, supervisor de qualidade dentre outros, descobri um desperdício significativo no processo de inspeção de entrada. Portanto, o objetivo deste artigo é compartilhar 10 (dez) ideias práticas que o ajudarão a localizar a origem dos desperdícios dentro do seu próprio processo de inspeção entrada. As ideias aqui apresentadas lhe ajudarão, ou pelo menos espero, a construir e manter uma cultura de qualidade dentro do seu processo de inspeção de entrada, o qual irá contribuir para a redução do custo geral de sua organização.
1. Clara definição de padrões, procedimentos e diretrizes
Se os procedimentos / diretrizes para o estabelecimento dos Atributos Críticos de Qualidade (ACQ)* não estiverem claramente implementados, haverá inconsistências (ou incoerências) na maneira como a engenharia vai designar, tratar e/ou definir os ACQs. E, quando não há o entendimento e a definição real do que é verdadeiramente crítico, recursos poderão ser aplicados a ACQs que não são verdadeiramente críticos, e a organização irá gastar dinheiro durante toda a vida útil do componente no processo de verificação das suas características (ou atributos).
*ACQ, ou Atributos Críticos de Qualidade, trata-se de um atributo de qualidade que deve ser controlado dentro de limites pré-definidos para garantir que componentes ou matérias-primas atendam às exigências de segurança, capacidade, eficácia, estabilidade e desempenho pretendidos.
2. Trate o plano de inspeção como um documento vivo
Adicione critérios de inspeção para detectar um defeito conhecido. Da mesma forma, reduza os critérios de inspeção com base no histórico de inspeção. Muitas empresas “configuram e esquecem” quando determinam os critérios de inspeção para novos componentes. Muitas organizações estão gastando dinheiro se continuam usando aquele mesmo plano de inspeção que foi usado quando do seu lançamento, e consequentemente durante toda a vida útil do componente.
3. Compartilhe os planos de inspeção com seus fornecedores
Seja sincero e honesto com os fornecedores sobre quais características e atributos você planeja inspecionar no IQC. Um bom fornecedor irá incorporar essas inspeções em seu plano de controle para verificar essas características. O compartilhamento dos critérios de inspeção criará um senso de trabalho em equipe entre o cliente e o fornecedor, e também irá prover, para o fornecedor, um direcionamento na detecção de defeitos.
4. Qualifique adequadamente os componentes antes do lançamento
Se os fornecedores não estão aptos a demonstrar níveis mínimos de capacidade quando uma peça for lançada, é razoável esperar rejeições durante o ciclo de vida do produto. Capacidade de demanda deve ser um atributo que deve constar em todos os ACQs (ver definição acima no item 1). Trabalhe com os fornecedores para desenvolver os seus processos até que eles possam demonstrar essa capacidade mínima em cada um desses atributos. Isso evitará futuras rejeições e todos os custos envolvidos no processo de devolução de peças não-conformes e/ou suspeitas ao fornecedor.
5. A coleta de dados variáveis não agrega valor se a sua organização não consegue analisar esses dados e tomar ações a partir deles
Os dados variáveis são mais valiosos do que os dados de atributos, porque podem ser analisados e usados pro-ativamente para evitar uma não conformidade. No entanto, se uma empresa não tiver um sistema para armazenar os dados de medição, e se esses dados coletados não forem analisados adequadamente, se não houver uma sistemática implementada para tomar ações a partir dessas informações coletadas, então você está perdendo o seu tempo e a empresa está deixando de se beneficiar dessas preciosas informações.
Aprenda mais no Blog da IMAM:
- Sustentabilidade e Qualidade de Vida no Mundo 4.0;
- Postponement: Uma Nova Atividade;
- Competitividade e Cooperação.
6. Entenda detalhadamente o sistema de medição de seu fornecedor
Onde for prático, “aceite” com base nos dados de medição do fornecedor. O fornecedor é o especialista nos tipos de componentes que eles produzem. Em muitos casos, eles terão um sistema de medição superior (ou seja, equipamento que é capaz de medir com mais precisão). Use o seu sistema de medição apenas para confirmar os dados do fornecedor.
7. Certifique-se de que somente peças não-conformes sejam devolvidas aos fornecedores
O risco alfa, também conhecido como risco do fabricante ou erro do tipo I, refere-se à situação em que as peças em conformidade são rejeitadas. Muitas vezes, os fornecedores relatam “nenhum problema encontrado” depois de analisar um lote rejeitado pela sua empresa. Instale um sistema duplo de verificação (double check) em que um engenheiro ou inspetor sênior confirme a condição fora da tolerância. Isso eliminará custos associados ao envio desnecessários, ao tempo de inatividade da linha (parada de linha) e a reinspeção associados ao retorno de peças conformes ao fornecedor.
8. Elogie e parabenize os inspetores, mas não apenas por rejeições
Esta lição toca o lado humano da qualidade. Se a gestão da qualidade recompensa apenas os inspetores pela rejeição de lotes, os inspetores podem pressupor que eles só agregam valor rejeitando peças ou lotes. Comemore os dias em não foi encontrado nenhum defeito nas inspeções realizadas. Reforce a noção de que os inspetores agregam valor inspecionando as peças, independente do resultado da inspeção.
9. Use a terminologia de qualidade padrão para descrever o status da inspeção
Evite usar o termo “ruim” para descrever o status da inspeção. Treine o pessoal da inspeção que identificou uma não conformidade para usar o termo “não conformidade”. Após uma revisão adequada, use os termos “aceito”, “rejeitado” ou “aceito com desvio” para descrever o status de aceitação.
10. Inspeção de entrada é para proteger o cliente, tanto interno quanto externo
Este é o objetivo fundamental do processo de inspeção de entrada. Reforce a importância deste propósito. Isso criará um ambiente em que a qualidade é mais do que apenas uma atividade. Ele se tornará parte da cultura da organização.
Conclusões finais
Como as cadeias de suprimentos continuam crescendo internacionalmente, otimizar o processo de inspeção de entrada é fundamental para o sucesso das organizações de manufatura. O processo de inspeção de entrada detecta as não conformidades da cadeia de suprimentos antes que elas afetem a produção ou, pior ainda, os clientes finais. No entanto, muitos programas de inspeção de entrada estão repletos de desperdícios ocultos (ou imperceptíveis) que não agregam valor algum.
Muito bom artigo, muita clareza envolvida e bem incisivo. Não sou da area de qualidade, sou estudante de Logistica, e com certeza essa proposição me deu um norte de quando um processo de inspeção é de qualidade rsrs.
Obrigado pelo comentário, ficamos felizes em agregar conhecimento na sua área de formação!
No processo de inspeção de recebimento, se o plano de amostragem falar que preciso inspecionar x peças, preciso necessariamente aprontar todas medidas encontradas?
Exemplo:
Recebi 101 peças
Plano de amostragem: 20 peças
Vou inspecionar as 20 peças nas dimensões; altura, largura e comprimento, necessariamente vou ter que registrar todas as medidas encontradas das 20 peças no formulário?